Fotografia acontece no presente.
Quando estou fotografando, não penso em mais nada.
Vivo aquele momento, dirijo a cena, converso, brinco.
Minha missão durante o ensaio é revelar exatamente o que a pessoa é.
O ensaio da Ju aconteceu dia 20 de Agosto, cheguei em sua casa às 9:30h, recebi a ligação da minha amiga Gaby às 9:50h, me perguntando se eu poderia sentar, pra avisar que meu pai tinha falecido.
Lembro do ar rarefeito, da confusão dos pensamentos, de pensar: eu não tenho mais pai?
A Juliana correu pra me abraçar, falando que sentia muito, pegou uma água, eu bebi.
Limpei as lágrimas, virei pra ela e falei: Vamos fotografar no sofá? A luz está linda.
Ela ficou bem paralisada e perguntou se eu não queria ir embora, implorei pra ficar.
Usei o ensaio da Ju como fuga, dentro daquele apartamento meu mundo ainda não tinha caído, sabia que ao entrar no carro para ir pra Atibaia tudo ficaria mais cinza, mais frio, mais triste.
Retomei, olhei pelo visor da câmera e vi a vida acontecendo bem na minha frente.
Fotografei a Ju e agradeci pela sua presença, minha cliente de longa data!
A primeira vez que a fotografei foi em 2012/2013, uma pessoa que me fez sentir o chão, um rosto familiar.
As coisas acontecem, a vida, a morte, e não temos como prever ou controlar, o que podemos fazer é escolher a melhor e possível maneira de lidar com tudo isso.